terça-feira, 13 de outubro de 2009

O homem descartável


O homem passa a ser coadjuvante de sua própria história quando abdica aos seus anseios e rende-se ao fluxograma da vida, o que o dilui na condição de um robô.

No entanto, é inquietador pensar se tudo não é uma questão de circunstâncias. A sensação frustrante de não saber estabelecer limites para análise de algo tão fugaz e instável como o homem.

O estabelecer das intersubjetividades a origem de toda a experiência não está, pois, no sujeito ou no objeto, mas no encontro, no preenchimento da intencionalidade da consciência pelo objetivo intencional. A consciência é um puro ver, portanto nada se origina dela nem ela precisa de si para algo exterior.

Merleau-Ponty nos diz que "é dentro do mundo que nos comunicamos, através daquilo que nossa vida tem de articulado", mas que o mundo comum só estabelece no diálogo intersubjetivo com o outro: "essa certeza injustificável de um mundo sensível como a todos nós é, em nós, o ponto de apoio da verdade". Ora, assim sendo, o conhecimento só poderá ser resultado de uma relação intersubjetiva; de um "ato do ser-no-mundo-com-os-outros".

Os meios (?) o transformam então em uma ação de urgência, tornando quase que impreterivelmente todas as relações descartáveis a um uso prolongado. E bem como a
medicina que retarda o processo de seleção natural, o humano anula o processo de quebra desse fluxograma.


E nesse momento rio de meu niilismo, ou não fosse lirismo. É desta forma que são os meus rascunhos, possíveis ensaios de uma demência enriquecida pelo sabor do tempo.