quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Angústia


Anos atrás, peguei uma pá detrás do arbusto e comecei a cavar, minha própria cova. Fui sendo afogada no pânico pela maldita. Companheira de anos, que fura meus olhos, suga minha mente e espreme meus pulmões. Ninguém nunca conseguiu direito entender nossa ligação, se eu sou louca por ela ou ela quem é louca por mim. Mas nunca houve dúvidas de que se trata de uma relação baseada na obsessão.
Terror, palpitações e desespero, malditas sejam as sensações de estar nesse caixão.
"Vadia, louca, vagabunda! Levanta-te, moribunda! Isto é tudo sua culpa."
Não! Saia de minha frente. Leve consigo seus médicos, remédios e terços. Grito de dor da alma e qualquer esforço é pífio, tudo é estéril como um deserto e não preciso de catalisadores.
Não me venha com cavaqueados, não finja que consegue fazer um resgate. Meu abismo é sardónico e eu não vou segurar sua mão direita, enquanto segura uma fouce com a esquerda. Se não consegue encarar o tormento, deixa-me. Ou me dá suas duas mãos ou ignora-me.É nojento fingir que se importa.