quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Christmas Lullaby


Hoje saí pelas ruas e observei as casas, as árvores iluminadas e os faróis dos carros traunsentes, apressados para chegar no local de sua celebração. Essa noite aqui tudo brilha. menos eu.
Todas essas evocações são deprimentes. Estas datas sempre me afundam numa angústia sem nome. Alguns dizem que é por se tratar de uma época ao final do ano, que sugere reflexões a respeito do ano que passou e a respeito do ano que virá. Cem planos anotados em um pedaço qualquer de papel que serão frustrados. Não, o natal não me incita a fazer uma renovação sem precedentes...
Assolam-me os fogos lá fora, a música que toca todo ano, a efusividade plástica das pessoas nessa época.
Ensimesmada, me encontro na frente do computador. Um copo de bebida e o dejeso de dormir, e não acordar. Não, não tão cedo. Ou talvez cedo o suficiente para eu sair e não mais ver toda essa bufonaria se repetir.
Atônita, agora... bebo meu último gole.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

I feel you


A semana é um holocausto sem fim rumo ao sábado e domingo, que é quando esperamos a vida acontecer de verdade e nós nos estragamos por dentro e por fora, tomando porres homéricos, comendo coisas de qualidade questionável, dormindo mais para sentir que estamos livres. Estamos lá, mas não estamos. No domingo a ressaca nos massacra, pra depois sermos penalizados como uma nova e terrível segunda-feira, e o dia remoinha-se nesse sentimento misto de apatia e desespero, até que em uma sensação de segundos chega ao fim.
No dia seguinte vamos acordar e continuar sem saber o que estamos fazendo da vida, ou se era suposto que deveríamos fazer alguma coisa dela.
Hoje me deparo com algo que não estou acostumada, sentir. Passei tantos anos sem conseguir sugar quase nada para dentro de mim, que em alguns momentos pareço uma esponja seca sendo mergulhada em uma banheira. Sugo tudo. Intenso demais, tudo ao mesmo tempo, não aprendi a administrar as águas ainda muito bem, então dói. Mas a dor eu já conheço, entre as poucas coisas que eu sempre consegui sentir a dor foi a única constante.
Não sei se tudo o que eu sinto é fruto da minha infância e adolescência conturbada, na verdade acredito mais que elas que foram o fruto do que sinto.
O desespero antes me trazia a apatia, meu anarcótico preferido. É fácil continuar por aqui tomando algumas doses dele... mas meu organismo anda rejeitando certas substâncias, principalmente aquelas que conseguem me entorpecer, não importa o quanto eu use, eu ainda vou estar presa a consciência.
Ás vezes penso que sobrei, não há lugar para mim na terra dos homens. Não sei me sentir condicionada e conseguir viver em paz. Outra coisa que foge aos meus dotes é fazer as pessoas entenderem como me sinto, mas o fato de eu não ser explicita não quer dizer que eu não sinta. Quando no entanto, eu sinto, sinto muito. Sinto de uma maneira que torna a palavra insuficiente, rasgando minha alma.
Vamos nos poupar dos gestos descartáveis, não quero que faça nada ocasionado por qualquer sentimento de dever. Quero que sinta, tanto quanto eu. Porque só quem já não sentiu nada sabe qual o valor de sentir alguma coisa, ou muita coisa.
Sai desse piloto automático e me faz querer nunca mais voltar a sentir nada de novo.

I feel you.