sábado, 13 de março de 2010

Ode ao Ódio



"Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
Cheirando religião e que não crê em Deus!
Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!"


Magnífica imperfeição emotiva. Maldita apatia, maldito estado de inconsciência. Onde estão meus íntimos esconderijos, que você mesmo ajudou-me a criar, quando os preciso?
A pífia vontade de não sentir nada que se desenvolveu em mim desde sempre, ímpia incapacidade que não me serve de nada, insiste em não funcionar quando a preciso.
Amaldiçoada seja essa pústula que cresce dentro de mim toda vez que a emoção é relacionada a ti. O varolizo, o valorizo muito e sofro por não conseguir transformar tudo em indiferença.
Faz-se um nó em minha garganta toda vez que me pergunto o que sinto por ti, é um sentimento forte, voraz. Te amo e te odeio, uma mágoa crônica, uma angústia e frustração. Constantemente me odeio por sentir te odiar, e te odeio mais ainda por me fazer te odiar.
Essa indolência de que tanto fala não existe, antes existisse... por vezes muito a desejei. Sou o que sou pelo o que sinto por você, como se olhando para um espelho reverso fui criando uma lista de tudo o que me é indigesto, ofensivo.
Sinto muito por ser seu depósito de frustrações e neuroses e sinto mais ainda por nunca ter conseguido cortar essa conexão.
Mas prometo-te da minha parte fazer o possível para extenuar essa verdade, antes que um de nós termine de ser engolido por esse sentimento cancerígeno.
Enquanto isso destrua-se como quiser, mas não me torne culpada pela maneira odiosa como me ensinou a viver.