
A vontade de Sophie nunca foi a de ser uma unanimidade, aliás, acreditava ser entediante sê-la. Sempre foi um pouco audaciosa, um pouco diferente, um pouco apontada, um pouco falada. Tantos poucos que, inevitavelmente, acabaram por a tornar também um pouco polêmica.
Haviam vezes em que tinha o ímpeto de gritar mais alto contra aquilo que ouvia, outras em que se restrinjia à mudez inconformada. Poderia correr pra longe mesmo que respeitando a retidão das linhas, dos pensamentos, das crenças e não importaria o esforço para não pisar fora do espaço tracejado, ninguém fazia questão de admitir enxergá-lo. Aos olhos dos outros as atitudes são uma constante insuficiência, a assinatura dos documentos está sempre a passar da validade e cabe às palavras se perderem em algum lugar do espaço.
O primeiro passo dado na direção certa abre precedente pros demais, que se tornam mera consequência. Toma impulso. O que faz a diferença é não hesitar.
Sophie acreditava que de um modo bem abrangente, as pessoas estão quase sempre falando a respeito de seus próprios calos. É como se interpretassem o que veem refletido no espelho e até o ato de se dirigirem a outrem exalta egoísmo. Ainda não sabem que a maldade intencional não exerce influência à quem é dirigida, porque nada mais é do que autobiografia barata. Abre-se mão do escudo, empunha-se uma arma pérfida e se dá a chance para que o militante então descubra a sua fragilidade. A contusão pode até vir pelas costas, mas a maneira como somos golpeados não deixa dúvidas… Sempre sabemos de onde provém os disparos.
Take out the gun of your head.
Muito bom mesmo... Parabéns, costumo ser muito chato, mas gostei.
ResponderExcluirÓtimo texto, disseste algumas verdades, particularmente esta: "as pessoas estão quase sempre falando a respeito de seus próprios calos." Passarei a acompanhar seu blog.
ResponderExcluirrealmente, existe essa tendência aos nossos propósitos quase egoístas e por que não egoístas?
ResponderExcluirgostei muito, há algo tbm que queria dizer, o nome do teu blog é invejável, rsrss a princípio era parte do nome que pensei para meu blog rsrs
falar de si, talvez, seja um caminho inegável, dada a procura que temos por nós, e mesmo assim, falar sobre outrem é falar sobre nós também, nada nos difere além do que entendemos por diferença.
tenho apreciado muito teus posts!
fico grato por teu comentário ;)
Acho que a Sophie se daria muito bem com a Jean Croft...rs...
ResponderExcluirE também acho que nem sempre dá pra identificar assim, logo de cara, de onde vêm os disparos... Às vezes a gente só consegue ouvi-los, mas no meio da multidão fica difícil saber de onde ele provém.
E, sim, as pessoas são egoístas e gostam mais de falar de seus problemas - que são sempre maiores do que os do resto do mundo - do que ouvir o dos outros... Os psicólogos têm uma dívida eterna com a humanidade!